quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O FUTEBOL NO MUNDO (17)

-ARMÉNIA-

Título: BOLÃO DE COURO

Autoria: António LIBÉRIO NEVES
(nasceu em Buriti Alegre-Goiás-Brasil)
-BÉLGICA, 24.12.1914, Jogo entre soldados alemães e ingleses-

Chuta.
A bola vai rolando,
ou como a lua redonda
a bola em branco arco-íris
vai descrevendo a parábola.
Caindo e logo subindo
ela gira e vai caindo,
para rolando parar.
Mas o destino da bola
é correr, é revoar,
com suas pernas de mola
ou suas asas de ar.
-BERMUDA-
Pois a bola, de repente,
leva um chute violento
e sobe como um balão.
Então erguemos os olhos
e olhamos num ponto móvel:
a bola em seu movimento
de rotação-translação.
-BOTSWANA-
E vem caindo, caindo,
mas leva uma cabeçada
como se fosse chifrada
no ventre, como se o boi
gemesse na vida ainda
berrando na solidão
do seu couro castigado
-CABO VERDE-
Na bola de futebol
anda o próprio boi curtido,
já bem morto e costurado,
tendo ainda que lutar
(batido, sem dó, sem pena)
contra vinte e dois toureiros
espalhados pela arena,
não de areia e sim quadrada
no seu capim repisado.
-BRASIL-
A bola não tem nem tempo
de pastar esse capim.
Ela fica é só assim:
pinga daqui, pula de lá.
E a pobre da bola rola,
roda com fome e cansada,
com seu vazio no ventre
cheio de vento e mais nada.
-LIECHTENSTEIN-
E vai a bola rolando
com seu destino traçado
de espremer a voz do povo
gritando na arquibancada,
como se fossem os gritos
apelos muito profundos
de toda a Humanidade.
Mas é bonito de ver
(pode prestar atenção)
que o som que vem dessa massa
não tem diferença não,
não sabemos qual é o grito
do empregado ou do patrão.
Chuta, chuta, a bola cai
nas malhas do seu destino:
gool!... a turma da charanga
rebate o bombo e repica
seus tamborins de alegria,
enquanto as bandeiras vibram
no ar os seus rodopios.
-SANTA LUCIA-
Bandeiras bambas, contudo,
arriadas com tristeza
vão descendo a escadaria.
Perdem o jogo e a festa
fica para um novo dia.
Levam no peito uma sombra
da noite que se anuncia.
No gramado, o capitão
erguendo os braços levanta
sobre a cabeça o troféu,
suspenso na revoada
dos pombos cortando o céu.
-SURINAME-
A bola? ninguém mais viu,
todo mundo a esqueceu.

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