segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

NAQUELE TEMPO (XL) – DEZEMBRO 1960

Do exemplar 42 de O ÁRBITRO, órgão oficial da Comissão Central de Árbitros de Futebol, destaca-se os seguintes temas: O trabalho elaborado pelo artista Carlos Rezende, que vem na capa, alusivo à quadra natalícia foi cedido a título gracioso ao Boletim. -Cipriano Carvalho-
TEM A PALAVRA UM JORNALISTA – Cipriano de Carvalho, de Viseu, desenvolve o tema NINGUÉM É PROFETA NA SUA TERRA. Lamenta que o Árbitro seja atacado indiscriminadamente (espectadores, comunicação social, etc.) e entre no rectângulo de jogo já com um elevado grau de inferioridade, que assusta. Deseja que as entidades que superintendem no desporto-rei promovam as campanhas adequadas para erradicar tal situação. -Filipe Gameiro Pereira-
TÍTULOS – Décio de Freitas, director da publicação, assina PRIMEIRO CONTACTO. Filipe Gameiro Pereira, instrutor FIFA, escreve sobre UM PROGRAMA DE TREINO… Jaime Alves Baptista, Árbitro da Comissão Distrital de Lisboa, evidencia A ARBITRAGEM E O JORNALISMO. O espanhol António Molinos demonstra O MENOSPREZO DA LEI XIV. Carmo Lourenço salienta QUANDO A OBSTRUÇÃO DISFARÇA FALTAS MAIS GRAVES. Rafael Batista Rodrigues, Árbitro em Lourenço Marques (hoje Maputo, Moçambique) redige E PORQUE NÃO VANTAGEM NA LEI XV? Ramos Cavaleiro pergunta AFINAL EM QUE FICAMOS? -Jaime Alves Baptista-
LEIS DO JOGO 1960/1961 – São transcritas as alterações aprovadas pelo International Football Association Board em 18 de Junho de 1960, em Saint Andrews (Escócia). -Rafael Batista Rodrigues-
AGENDA DO ÁRBITRO – Transferências, nascimentos, viagens, novos assinantes, saudações de amizade, novos dirigentes, actuações no estrangeiro, cursos profissionais, licenciamentos, cursos de candidatos, promoções foram alguns dos assuntos focados há cinquenta anos… ASSIM VAI O MUNDO DA ARBITRAGEM – Esta nova rubrica aborda informação da FIFA e de diversas Federações nacionais que abordam assuntos de vária ordem. -Ivo Afonso-
NOTÍCIAS – A Distrital de Beja dá conta do programa do III Curso de Aperfeiçoamento de Candidatos a Árbitro que se iniciou a 22 de Outubro e terminou a 1 de Dezembro de 1960. Foram seus docentes António Ribeiro dos Reis, Francisco Guiomar, Francisco de Sousa Pacheco, Prista Caetano, Manuel Vaz Valente, Ivo Afonso, Mário Gomes Alves, Henriques Pinheiro, Leite Rainho, Joaquim José Filhó, Manuel Melo Garrido e Filipe Gameiro Pereira. Ivo Araújo é felicitado pelo Boletim pela inclusão no elenco da Comissão Central de Árbitros de Futebol. É divulgada uma extensa lista de nomes que endereçaram votos de Boas Festas a O ÁRBITRO, que agradeceu e retribuiu. CONFRATERNIZAÇÃO LUSO-ESPANHOLA
O espanhol Vicente Caballero foi alvo de merecida homenagem num restaurante de Lisboa. Dado que veio dirigir o jogo das selecções B de Portugal e da França, um grupo de amigos resolveu consagrar a sua dedicação à causa de arbitragem e à excelente relação de amizade que mantém com os colegas portugueses, incluindo a colaboração no Boletim, com os seus interessantes artigos.
PÁGINA DA COMISSÃO CENTRAL – Anuncia que a entrada em vigor do Seguro dos Árbitros será a 30 de Outubro de 1960, culminando assim uma aspiração dos seus filiados que remonta aos primórdios do exercício oficial da função (1910). O presidente cessante da Comissão Central expressa louvores a todos os elementos da redacção do Boletim pela activa e proveitosa actividade que desenvolveram em prol da arbitragem.
APITADELAS – Houve má educação por parte de um clube que no seu campo e através da instalação sonora atacaram a arbitragem e a Imprensa de forma muito dura.
Informa que em Espanha voltou a ser utilizado o sistema de sorteio para indicar os Árbitros para os jogos dos seus campeonatos. Os clubes portugueses não param de pedir inquéritos às actuações dos Árbitros nos campeonatos federativos, mas somente quando perdem… A questão do limite de idade para o Árbitro se manter em actividade levou a que houvesse pedidos de licenciamento antes da decisão assumida pela hierarquia. Poderão voltar? A Comissão Central pôs em prática a nomeação dos seus filiados para jogos onde intervenha clube que pertencem à mesma Associação. Prova da confiança que os dirigentes têm na classe. DELEGADOS - Realça-se a actividade eficaz, profícua, consistente e insistente dos seguintes representantes do Boletim: Na foto em cima Alberto do Carmo Lourenço (Nampula), João Lopes Gonçalves (Castelo Branco), Joaquim da Costa Deitado (Inhambane) e Alfredo Bernardo Antunes (Leiria). BIBLIOTECA – O pouco movimento de ofertas é destaque para que as contribuições sejam mais e melhores. Todos têm de colaborar no engrandecimento desta iniciativa para bem da cultura geral de todos os seus utilizadores.
PINGOS DE TINTA – César de Jesus conta-nos dois episódios dignos de serem conhecidos. O primeiro foi passado num jogo regional no Norte do país entre dois grupos que disputavam os pontos de capital importância para as suas aspirações. Acontece que o clube da casa marcou um golo e o Assistente correu para o meio campo considerando válido o ponto. Já o Árbitro assim não entendeu e a polémica instalou-se dentro e fora do rectângulo. Instado a consultar o seu auxiliar assim o fez que confirmou que, para si, não havia qualquer irregularidade na obtenção do golo. No final os directores da equipa visitada queriam que o Assistente assinasse uma declaração afirmando ter o ponto sido legal! Naturalmente que recusou. Mas, para amedrontar o Árbitro, até exigiam-lhe a declaração aposta no relatório, dado que se havia equivocado, isto para lhe salvarem a vida, segundo diziam… Analisado o comportamento dos adepto, dos jogadores e dirigentes houve punições para todos e para o campo também, pois até foi interditado! O segundo caso decorreu num jogo dito amigável, com a falta do árbitro nomeado. Recorreram a um antigo e categorizado jogador que se encontrava na bancada, que acedeu dirigir o prélio. Iniciada a partida e depois de muitas contrariedades, invectivado pela multidão e pelos intervenientes teve a seguinte ideia genial. Num momento de inspiração, tendo a bola a seus pés, driblou um jogador no meio do terreno, depois outro e por fim ainda mais um e só parou quando calmamente fez golo! Depois, tirando o apito fora desabafou: É assim que se joga seus anjinhos…

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