sexta-feira, 19 de março de 2010

PROCESSO DAS CLASSIFICAÇÕES DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL (7)

Como o previsto efectuou-se no dia 17 de Março de 2010, nova audiência deste julgamento, que teve sessão dupla, de manhã, que começou às 10H20 (marcada para as 09H30) e terminou às 12H28. Depois do almoço, reiniciou-se às 14H49 (estava apontada para as 14H00) e acabou às 16H35.

Compareceram ao habitual colectivo e procurador os arguidos Pinto de Sousa, Azevedo Duarte, Francisco Costa e Paulo Torrão. De manhã estiveram 13 Advogados e à tarde, 15.

Os declarantes, pela ordem que se indica a seguir, foram respondendo às questões que lhes foram colocadas e que abaixo se transcrevem.

Refira-se que a primeira testemunha foi alistada pelo Ministério Público e as seguintes pelos assistentes do processo, antigos Árbitros dos quadros nacionais: José Arnaldo Pereira da Silva (Porto), Paulo Alexandre Conceição Alves (Leiria) e António Fernando Castro Alves (Porto).

JORGE MANUEL DIAS FRANÇA (Ex-Observador). Falou através de vídeo-conferência a partir do Funchal. Questionado se recebeu 4 fichas de avaliação por si elaboradas e referentes aos jogos Primeiro de Maio-Camacha, Camacha-Odivelas e Santacruzense-Sintrense e um outro, todas elas com penalizações, que lhe foram retiradas posteriormente, disse que não. Nunca reclamou qualquer situação. Não teve conhecimento das propostas de alteração, assim como quem lhe retirou as penalizações. Desconhece as consequências que a retirada das penalizações teve na sua classificação final. Foi contactado pessoalmente por António Henriques e declara que só o ouvia, nada mais. Nunca acedeu a pedidos, pois tem ideias próprias. Indica ser provável que tivesse sido nomeado para o desafio Marítimo-B com o Ribeira Brava. A observação que ia fazer ao Árbitro do encontro Marítimo-B e Santacruzense não se concretizou, já que lhe deram instruções para ir para outro jogo, sem qualquer explicação, uma vez que os membros do Conselho de Arbitragem da Federação eram soberanos nas suas decisões. Também não exigiu saber o porquê da troca.

RICARDO MIGUEL PARIS DA SILVA (Ex-Árbitro Assistente) – É filho de José Arnaldo e pertenceu à sua equipa de Arbitragem de 1998/99 até 2002/2003, altura em que, como ele, abandonou a actividade desportiva. O seu pai sempre desenvolveu princípios onde a ética, seriedade e correcção eram primordiais e nunca desceu de categoria. Teve sempre actuações regulares e os relatórios dos Observadores eram testemunhos disso. Na verdade houve disparidade com a classificação da última época, que deu origem à sua descida aos distritais. Quando tomou conhecimento da classificação ficou estupefacto, triste e desgostoso, razão da alteração da sua personalidade perante os familiares, no trabalho e junto dos amigos, sofrendo com a injustiça que lhe fizeram. A sua revolta e decepção foi grande, pois não esperava tal tratamento com a total dedicação que tinha pela arbitragem, que chegava aos 100%. Decepcionado, nunca soube porque é que tinha descido, já que a época foi igual às anteriores em termos de bons desempenhos, sem casos de jogo, sem erros técnicos ou outros e sem problemas com quem quer que fosse. Quando recebia os relatórios dos jogos onde tinha sido observado ficava satisfeito pelas pontuações recebidas. Vão-se sabendo as classificações dos colegas nos treinos, nas conversas entre si, pois a arbitragem é uma família e como tal a troca de informações acontece. É evidente que não se sabe em pormenor, mas sabe-se. A descida provocou-lhe imensos estragos pessoais, pois ficou a viver o problema que o afectou sobremaneira, deixando, até, de frequentar os lugares habituais e conviver com as pessoas suas amigas. Quem anda na arbitragem é porque gosta e nunca pelo dinheiro que daí aufere. A sua dedicação era total no preparo físico, no estudo das matérias de arbitragem, na preparação dos jogos para que estava nomeado e no esmerado desempenho que tinha na condução das partidas, o que lhe proporcionava uma força intelectualmente forte e saudável. Tudo fazia com rigor. Não podia subir à segunda categoria por impedimento relacionado com a sua idade, mas queria manter-se no escalão onde estava inserido e, como sempre, com dignidade, verdade e capacidade. Se não descesse tinha todas as condições para continuar a arbitrar até ao limite de idade (45 anos). Sabe que a média anual de valores que o seu pai auferiu, ronda os 4.000 euros. A descida provocou consequências negativas em termos familiares e monetários. Explica as diferenças entre os jogos distritais e os federativos. Encontra nos factores de correcção a discrepância que existiu na última classificação. Como Árbitro Assistente trabalhou assiduamente com o seu pai e afirma que a sua saída da actividade se deve única e exclusivamente à classificação negativa que lhe atribuíram, pois merecia continuar na 3ª categoria nacional, face ao que já foi dito. O seu pai, revoltado com o que lhe fizeram já não vai tantas vezes ao futebol. É verdade que ninguém obriga ninguém a sair da arbitragem, mas o seu pai saiu voluntariamente por aquilo que lhe fizeram. Pelo que fez nos exames periódicos (provas escritas e teste físicos), nos desempenhos dos encontros que dirigiu, sem ter contribuído alguma vez para qualquer alteração de resultados, merecia continuar na terceira divisão nacional. Nunca ouviu falar que alguém que descesse ficasse contente. Diz, ainda, que existe diferença entre valores recebidos nos distritais e nacionais. O seu pai sempre foi bem recebido no seio da família da arbitragem. Não quis indagar a razão da classificação que o levou para os distritais, pois disse ser tabu que só o Conselho de Arbitragem é que sabe. Também afirmou que o seu pai não tinha divergências com qualquer dos membros daquele Conselho, mas admite que foi preterido por outro colega de um qualquer distrito.

JOAQUIM SANDRO MOREIRA (Ex-Árbitro Assistente) – Colaborou com José Arnaldo, como seu Assistente, durante 3/4 épocas e sabia das suas classificações, as quais, se situavam numa área mediana. Enquanto seu colega de equipa não se lembra de ter existido problemas na condução dos jogos. Umas vezes correm bem outras nem por isso. Via os relatórios dos desafios onde participavam e sabia das pontuações atribuídas. Numa das alturas teve uma época excelente, mas não podia ascender à categoria superior devido à idade. Na sua opinião não é normal um Árbitro regular descer. Considera ter havido injustiça na sua classificação que lhe atribuíram e o relegou para os distritais, referindo, até, ter sido uma acção algo duvidosa o que lhe fizeram, como constou nos treinos dos Árbitros do Porto, onde se juntavam entre 50/60 colegas em determinados dias da semana. Afirma que o seu chefe de equipa, face ao que lhe causaram, ficou zangado, muito aborrecido. Liga a situação com o sistema que, na altura, estava estabelecido. Em condições normais nunca se verificaria a descida, pois os relatórios, as provas escritas e físicas que fizera tudo apontavam para que se mantivesse na terceira divisão até cumprir o limite de idade exigido por regulamento. Demonstrava excelentes condições, especialmente, a física, para continuar. Quando não se atingem os objectivos naturalmente que altera o estado de espírito. Pensa que auferia 4.000 euros por época nos nacionais. Nos distritais anda à volta dos 1.500 euros, o que não é nada parecido. Descer de categoria é frustrante pois já não se tem o mesmo estatuto e a pessoa sente-se muito incomodada, muito mal. Adianta que a ideia primeira do seu chefe de equipa logo que soube da descida foi a de pedir o licenciamento, afastando-se da actividade. Não sabe se recorreu da classificação, se lhe deram razão. Não se lembra de quem tenha descido do Porto, assuntos que por vezes não são falados. Só sabe quem subiu. Considerou José Arnaldo muito bom Árbitro e que, graças às suas prestações, poderia, à-vontade, situar-se nos primeiros 50/60 lugares numa ordem de 140 Árbitros. Infelizmente não há nada palpável que se possa provar do que diz-se, diz-se, era só o que se ouvia.

RUI FERNANDO VIGÁRIO MARTINS (Ex-Árbitro Assistente) – Foi Árbitro Assistente de José Arnaldo durante quatro/cinco anos e esteve com ele até abandonar a arbitragem. Soube das suas classificações mas não sabe precisar os lugares que teve. Considerou-o bom Árbitro, nunca teve más actuações e entende que a sua posição era nos 50 primeiros. Quando recebiam os relatórios com as avaliações que os Observadores lhe atribuíam eram matéria de análise e discussão no seio da equipa, intensificando-se o objectivo do trio que era a manutenção na terceira divisão. Nada fazia prever a descida. Questionado se a diferença entre a 6ª e a 51ª posição era compatível com a de um árbitro equilibrado respondeu que isso não era relevante, pois bastava ficar num ligar que não descesse, o que se verifica a partir do 110. Culpa os famigerados factores de correcção por esta disparidade. Quando contactou telefonicamente o chefe de equipa, que já sabia da descida, disse que o sentiu abatido e chateado, pois reagiu muito mal ao que lhe fizeram. Desconhece se reclamou a sua classificação. Sabe, isso sim, é que tinha condições para ir mais longe em termos de permanência no escalão federativo onde estava inserido. Estudava e treinava fisicamente todos os dias e tinha orgulho de pertencer aos quadros da Federação. Actuar nos distritais não é a mesma coisa onde são mal recompensados e protegidos. Garante que não tem ideia dos Árbitros que sobem e descem, mas ouvia todos os anos queixas dos mais desventurados. Nos inícios de época já se falava quem subia ou descia.

PAULO JORGE PINTO RIBEIRO (Ex-colega de emprego) – Tinha uma relação de trabalho com o José Arnaldo durante 8 horas por dia, no mesmo sector, e sabia que ele era Árbitro de futebol, devido às conversas que mantinham. Falavam de diversas coisas, tais como as nomeações, dos jogos que dirigiu, das classificações. Quando ocorreu a descida deixou de ir trabalhar pois encontrava-se doente, estava desagradado com o que lhe aconteceu. Era uma pessoa divertida, alegre, sempre bem disposta, mas quando regressou ao trabalho nunca mais foi o mesmo como até então. Sempre em baixo, triste e revoltado com o que lhe fizeram.

EDUARDO FERREIRA CERQUEIRA (ex-Observador) – É conhecedor das qualidades de José Arnaldo há muito tempo. É uma pessoa respeitada, delicada e apaixonado pela arbitragem. Pensa que a sua carreira poderia ter terminado por limite de idade. Nunca foi nomeado para o observar, logo nunca o avaliou oficialmente. Não tem em mente as classificações que obteve, mas era considerado como estando no patamar Médio/Alto, face às 8/9 épocas regulares que teve. Constata que a sua descida é muito estranha e surpreendente já que o consultava para analisar os relatórios dos Observadores, que lhe davam notas positivas, face aos bons desempenhos das suas inúmeras actuações. Interessado em melhorar cada vez mais as suas prestações recolhia os conselhos por si transmitidos. Não lhe parece que José Arnaldo tenha recorrido da classificação atribuída, dando origem à descida aos distritais. Mas se o fizesse e ganhasse a causa era provável que lhe traria consequências futuras por revanche de quem foi por si apontado. Afirma que o viu muito abalado e desagradado com os acontecimentos e pediu-lhe que fosse sua testemunha o que acedeu. Perante as suas prestações e os relatórios dos Observadores considera ter havido injustiça na sua última classificação. Tinha todas as condições para continuar, o que, felizmente, ainda hoje mantém. Adianta que as diferenças monetárias que os Árbitros auferem entre nacionais e distritais são cerca de 25%. Quanto a descidas garante que não se nota muito quando se verifica entre escalões nacionais, isto é, da segunda para a terceira categoria, mas o mesmo já não se verifica da terceira para os distritais. Esta é uma situação drástica e terrível, impensável mesmo recuperar o espaço perdido para gente da idade do José Arnaldo, por ser impossível regressar, devido a tal impedimento. Por vezes, é viável voltar ao quadro da terceira categoria quando a idade o permite.

ARMANDO CLAUDEMIRO MARTINS (Treinador) – Conhece José Arnaldo há 9 anos como Árbitro nacional, enquanto foi jogador, treinador e espectador nos 3/4 jogos que ele dirigiu e sempre o considerou como um Árbitro muito bom. Falou com ele quando desceu e sentiu-se injustiçado perante as prestações e notas que lhe atribuíram e a classificação final, que lhe deu o abaixamento de categoria, coisa que nunca tinha pensado. Desgosto e tristeza contribuíram para o seu imediato afastamento da arbitragem. Em posteriores conversas pedia-lhe que não abordasse o futebol, que não lhe falasse de coisas tristes e, sobre o tema, não havia mais desenvolvimentos. Reconhece que a sua auto-estima andou muito por baixo e desconhece a razão da sua descida. Exprime ser amigo de José Arnaldo mas não de muitos Árbitros. Não conhece Árbitros que tivesse descido de categoria. Questionado se sabia que José Arnaldo tinha dirigido jogos particulares depois do seu abandono oficial da actividade, respondeu que não.

Da parte da tarde iniciou as audições:

ALBERTO SERRANHO OLIVEIRA (Árbitro Assistente) – Durante 5 anos (2000 a 2005) pertenceu à equipa de Paulo Alves e considera que foi injustamente penalizado com a descida de divisão, do quadro da segunda nacional para a terceira, dado que as pontuações dos relatórios não faziam prever o que aconteceu. Um choque tremendo. Isto porque nas duas épocas anteriores (2000/2001 e 2001/2002) foi, por duas vezes, a exame para ascender à primeira categoria, ficou apto, mas na condição de suplente. Se ingressasse no quadro de elite estaria apto a dirigir jogos da Liga Profissional, mas como não se verificou qualquer vaga... Estupefactos com a descida não encontram razões para o que aconteceu e interrogam-se do porquê. Seria pela manobra que pensa ter existido para prejudicar o Paulo Alves, caso que se veio a confirmar à posterior, em 2005, quando foram divulgadas escutas relacionadas com o Apito Dourado? Assim como quando foi prestar declarações na Polícia Judiciária. Refere que o chefe de equipa, que aceitou mal a desclassificação, não merecia o que lhe fizeram pelo trabalho que desenvolveram durante a época. Passou a fase de viver a intensamente a arbitragem, com o projecto de ascender à primeira categoria e teve, como contrapartida, a descida, o que lhe acarretou imensa desmotivação. Isto porque, também, já não podia recuperar o espaço perdido dada a sua idade. O dia-a-dia deixou de ser o mesmo, quer nos treinos, quer noutras obrigações desportivas. Após dois anos na terceira categoria abandonou a arbitragem na época 2005/2006 quando desceu aos distritais, por já não ter qualquer objectivo em mente. Recorda que na época 2002/03, Paulo Alves se classificou nos primeiros lugares com os actuais Árbitros de elite, casos de Pedro Henriques (Lisboa) e Jorge Sousa (Porto). Calcula que os proveitos médios auferidos rondavam os 4.800/5.000 euros por época. Não lhe viu documentação que disso tratasse, mas falaram na média. Não sabe quais as remunerações das 2ª e 3ª divisões nacionais. Afirma que Paulo Alves poderia continuar a arbitrar até aos 45 anos de idade, mas à valores que superiores que o levaram a abdicar da carreira, toda ela condizente com a personalidade de Árbitro conceituado e respeitado e pela postura dentro e fora do campo. Depois de despoletado o processo inicial (Apito Dourado), ao qual a Comunicação Social deu o devido relevo, foi terrível saber que falavam, negativamente, no seu nome nos sítios que habitualmente frequentava, na zona da residência. As pessoas, pelo que viram na TV e nos jornais, apontavam que Paulo Alves era corrupto. Entendiam que era igual aos outros que prevaricaram. Viveu muito tempo com esse trauma e com intensa preocupação por ser injustamente acusado de coisas que não fez e são contra os seus princípios. Deixou de frequentar esses lugares, deixou de ir a restaurantes com a família, para não ser enxovalhado. Sabe sim que não aceitou a despromoção da segunda para a terceira e também não sabe se recorreu dessa classificação. Reconhece que houve um sentimento de injustiça pela despromoção do seu chefe de equipa. Não sabe como se processou essa classificação. Só inquirindo quem a elaboração é que pode explicar o que aconteceu. Não conhece outras classificações. Se tivesse de classificá-lo, face à sua experiência no meio como Árbitro Assistente, daria um lugar entre os 25/30 primeiros, pelo seu valor, categoria e postura. Nunca ligou aos factores de correcção. Observa que há relatórios que o Árbitro não pode recorrer, por saber que ia receber resposta não positiva.

MÁRIO DOMINGOS NEVES FREITAS (Amigo) – Conhece Paulo Alves há mais de 20 anos e encontravam-se diariamente. Sabia que era Árbitro de Futebol, mas nunca o viu a arbitrar. Apercebeu-se da repercussão na sua vida pelo rebaixamento que sofreu na actividade desportiva, à qual se dedicava plenamente. A partir daí desapareceu. A arbitragem era mote das suas conversas e, ao mostrar-lhe os relatórios dos Observadores, dizia que ia subir de categoria e que ia para a Liga. Só teve conhecimento dos acontecimentos que levaram à descida de divisão pelo que Paulo Alves lhe contou quando foi à Polícia Judiciária e certificou que a principal razão foi a sua troca por outro Árbitro o que veio a reflectir-se na classificação final. Como desenvolve a sua vida nas Caldas da Rainha, num meio pequeno, foi terrível ouvir as pessoas dizerem que ele estava envolvido no Apito Dourado, que a casa que estava a construir foi feita com o dinheiro que lhe davam. Era uma pessoa muito conhecida e que se dava bem com toda a gente. Desmotivado e conformado pela descida disse logo que a sua carreira na arbitragem terminava logo ali. Com a descida o seu objectivo gorou-se, pois pretendia arbitrar na Liga principal portuguesa. Sentiu essa frustração e afastou-se. Depois via-o poucas vezes, mas tem a certeza absoluta que a despromoção teve origem no que passou. Tem a convicção de que, face as qualidades, poderia ascender à primeira categoria. Não sabe dizer como era o relatório que lhe foi mostrado pelo Paulo Alves, mas podia identificá-lo se lho mostrassem.

PEDRO JOSÉ VALA FRANCO (Colega de trabalho) – Inquirido porque estava no Tribunal respondeu que sabia a razão da sua convocação e, como colega e amigo, iria responder à questão da sua despromoção. Desconhece classificações dos Árbitros, mas sabe que ficou mal classificado, por normas que foram alteradas a meio do campeonato! Soube através da Comunicação Social (televisão, jornais e Canal Benfica) o que se tinha passado com a troca. A situação da descida causou-lhe muita mossa, intensa até, quer no emprego, quer na sua vida social. Soube que, graças às suas prestações, muita paixão e dedicação, teve boas notas. Queria ser Árbitro da primeira categoria nacional e a descida não estava no seu horizonte. Desmotivado, foi sensação bastante forte para que o seu estado de espírito não fosse o mesmo. Não encontrava motivo para a classificação que lhe deram. Em 2005 quando veio a saber das razões da troca que diz ter acontecido, ficou revoltado. No emprego, nas conversas ditas de corredor, por vezes era difamado com a construção da sua casa, dos tijolos comprados com o dinheiro vindo da corrupção e outros impropérios. Diziam-no, erradamente, por ter vindo na Comunicação Social que ele era considerado arguido no processo. Ficou, deveras, muito afectado por esse injusto tratamento que lhe davam e traumatizado e incomodado quando a notícia da forma como desceu foi tornada pública.

JOSÉ MARTINS DOS SANTOS (Árbitro) – Disse conhecer Castro Alves há 23 anos e que este colaborou, como Árbitro, na Associação de Atletas Veteranos do Norte-As Árvores Morrem de Pé, antes de se filiar no Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol do Porto. Viu alguns jogos por si dirigidos, incluindo o Santa Maria-Mirandela, em 2004, e recorda-se que a nota atribuída pelo Observador foi má. Também se recorda de assistir ao desafio Ronfe-Maria da Fonte. Em todos os jogos que assistiu de Castro Alves, admirou-o pela isenção e excelente prestação. É um bom profissional nesta actividade desportiva, razão das boas actuações que sempre fez. Falaram quando aconteceu a descida de escalão (mas não sabe quando foi), o que muito o admirou e soube que recorreu dessa classificação, que não deu em nada. Sentiu que Castro Alves estava em baixo, bastante afectado até. Nada sabe do processo Apito Dourado. Arbitrar era a sua paixão e ficou moralmente afectado pela despromoção, numa altura em que, infelizmente, estava desempregado e em situação precária, ao ponto de ter sido condenado em pagar as custas do processo que correu na Federação Portuguesa de Futebol, no valor de 800 euros, que não pagou! Dada esta circunstância ficou impedido de ter trabalho no meio futebolístico, onde poderia exercer as actividades de Árbitro e de Observador e, até, de Treinador, pois estava habilitado para tal. Ao ponto de ter recebido e recusado convite da União Desportiva Sousense (Gondomar-Porto) para orientar os seus atletas. Soube ainda que Castro Alves foi Observador no Conselho de Arbitragem do Porto somente 3 meses.

TIAGO JOSÉ MARTINS JESUS (Árbitro) – Acompanhou o seu colega José Martins dos Santos a Barcelos onde assistiram ao já referido encontro Santa Maria-Mirandela e considerou excelente o desempenho de Castro Alves. Disse ainda que assistiu a seis jogos seus. Teve conhecimento que foi um dos despromovidos e que recorreu da classificação que lhe atribuíram, mas o pedido foi indeferido. Por tal facto foi multado pela Federação Portuguesa de Futebol em 800 euros que não pagou. Soube que foi impedido de exercer qualquer actividade no futebol e que recebeu convite para treinar o Sousense que recusou. Andava desapontado, desanimado, muito em baixo pelo que lhe fizeram. A média anual dos proveitos andava por 6.000 euros, mas nunca viu documentos que tivessem o dito valor. Afirma que, como conhecedor do futebol, Castro Alves tinha condições para continuar na 3ª categoria nacional.

Próximas sessões:
Dias 23 (terça-feira) e 24 de Março de 2010 (quarta-feira), com as audições marcadas para as 09H30 e as 14H00.

Sem comentários: