domingo, 7 de fevereiro de 2010

NAQUELE TEMPO – FEVEREIRO 1960 (XXX)

A edição 32 do Boletim, órgão oficial da Comissão Central de Árbitros de há 50 anos, falava do seguinte: ÁRBITROS PORTUGUESES NA TAÇA DOS CAMPEÕES EUROPEUS
A equipa constituída por Abel da Costa (felizmente ainda entre nós, com 97 anos de idade), que arbitrou o jogo, e os saudosos Francisco Guerra e Clemente Henriques, auxiliares, dirigiram no dia 4 de Fevereiro de 1960, em Nice, a primeira-mão dos quartos-de-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, perante 21.422 espectadores. Esta presença foi inolvidável, pois marcou a estreia internacional do actual decano da arbitragem portuguesa. Defrontaram-se o Olympique Gymnaste Club de NICE (fundado em 09.07.1904) e o REAL MADRID Club de Fútbol (f. 06.03.1902), ganho pelos primeiros por 3-2. Os golos franceses pertenceram a Victor Nurenberg (aos 54, 67 e 72) e os obtidos pelos espanhóis por Jesus Herrera (15) e José Hector (30). Interessante dar conta que Abel da Costa assinalou uma grande penalidade a favor do Nice, aos 67 minutos, que os críticos espanhóis não quiseram ver. Graças às imagens da televisão vieram dar razão ao nosso compatriota. Na rubrica ACONTECEU HÁ VINTE E CINCO ANOS dá-se conta que a Assembleia-geral dos Árbitros aprovou as bases do novo Regulamento, assim como a realização do convívio num almoço onde estiveram representantes da Federação, Associação de Futebol de Lisboa, dos Colégios Regionais e a Imprensa, na expectativa de criar uma aproximação maior entre os Árbitros, dirigentes e Comunicação Social. Foi solicitada a presença dos Árbitros de Lisboa fora de portas e assim aconteceu com a ida de Manuel Marques Fafe), Manuel da Silva (Coimbra), Claudino Nunes (Caldas da Rainha), Jorge Shore (Évora) António Carvalho, Carlos Canuto e José Travassos (Porto). ARTIGOS ASSINADOS
Ribeiro dos Reis: No início dum novo ano, Palavras de Exortação aos Árbitros. Notícias de Timor, por Tenente Pires Duarte. Carmo Lourenço redige O Árbitro, espelho das Leis. É preciso haver força de vontade, de Mariano Sabino dos Santos. No Tem a palavra um Jornalista é Mário Macedo (na foto de cima) que escreve: Os Árbitros como elementos educativos do público. Ramos Cavaleiro colabora com O Árbitro (sua preparação psico-jurídica). Um curioso apontamento do Treinador Lorenzo Ausina, diz que O Vício dos protestos protestos desprestigia o Árbitro português no estrangeiro. Diogo Manso é autor de Contra tudo e contra todos. UM ÁRBITRO ESTRANGEIRO DE MÊS A MÊS é dedicado ao marroquino Abdelcrim Ziani (na foto), que, com apenas 5 anos de actividade, atingiu a internacionalização. Como nota triste, diga-se que na sua estreia foi agredido, facto que lhe serviu de estímulo para não desistir e trabalhar cada vez mais para chegar ao topo da carreira, o que conseguiu. RETALHOS DE CRÍTICAS – Destaca-se o que um critico (?) escreveu no dia dum determinado jogo: … o Árbitro não teve grandes dificuldades a resolver, mas foi autoritário e justo sempre que o jogo o exigiu. Quatro dias depois o mesmo fulano disse daquele Árbitro no seu jornal: … o Árbitro não conseguiu estragar a partida apenas pelo facto dos jogadores terem mais juízo do que ele… Comentários para quê, se o escrevedor é um artista português?... Nas NOTÍCIAS DIVERSAS é divulgado o programa (inédito) de Curso de Candidatos promovido pela Comissão Distrital de Lisboa, com a seguinte planificação e conteúdos:
1º Dia (sábado) às 22H00-Abertura do Curso e palestra. 2º (domingo), 09H00-Leis I, II e III. 3º (sábado), 22H00-Palestra. 4º (domingo), 09H00-Leis IV, V e VI. 5º (sábado), 22H00-Palestra. 6º (domingo), 09H00-Leis VII, VIII e IX. 7º (sábado), 22H00-Palestra.
8º (domingo), 09H00-Leis X e XI. 9º (sábado), 22H00-Palestra. 10º (domingo), 09H00, Lei XII. 11º (sábado), 22H00-Palestra. 12º (domingo), 09H00-Leis XIII e XIV.
13º (sábado), 22H00-Palestra. 14º (domingo), 09H00-Leis XV, XVI e XVII. 15º (sábado), 22H00-Palestra. 16º (domingo), 09H00-Sistema diagonal e cooperação entre o Árbitro e os Fiscais de Linha. a) As palestras efectuar-se-ão na sede da Associação de Futebol de Lisboa e poderão ser acompanhadas de projecções. b) As lições sobre as Leis de Jogo, sistema diagonal e cooperação entre a equipa de arbitragem, terão lugar em terreno de jogo, acompanhadas de demonstrações práticas. c) Para não fatigar, o tempo de duração das sessões não deverá exceder de duas a duas horas e meia. D) Quatro das oito palestras deverão ser destinadas: 1-A um representante da Associação de Futebol de Lisboa que deverá dissertar sobre Regulamentação que interessa aos candidatos conhecer. 2-A um representante da Comissão Distrital dos Árbitros de Futebol de Lisboa que exemplificará o preenchimento de relatórios do jogo e outras questões. 3-A um professor de educação física que falará sobre a matéria. 4-A um Médico que se encarregará de tratar da assistência a jogadores sinistrados e cuidados a ter com a saúde. Na TRIBUNA DO ÁRBITRO é colocada uma questão por Manuel da Cruz Carvalho, de São Tomé, sobre o facto de ter ocorrido uma situação de jogo algo embaraçosa para o seu entendimento. Um avançado saiu do rectângulo de jogo para não ser considerado fora-de-jogo, mas voltou a entrar sem autorização do juiz e participou de imediato no desafio e até houve golo! A resposta foi dada em consonância com o que, então, estava estabelecido.

AGENDA DO ÁRBITRO – Foram dados os parabéns ao jornal A Bola pela passagem do seu 15º aniversário. Anísio Morgado dirigiu no dia 7 de Fevereiro e no Maracanã o encontro entre as selecções do Rio de Janeiro e de Pernambuco. O Tenente-Coronel Ribeiro dos Reis falou aos jogadores do Sport Lisboa e Benfica sobre leis do jogo.

APITADELAS – Alerta-se para o facto de não existirem as condições mínimas nas cabinas da equipa de arbitragem de uma grande parte dos clubes que disputam campeonatos nacionais. Os dirigentes das equipas mal classificadas apontam a razão da sua posição na tabela aos Árbitros o que também acontece com os jogadores, que, quando não ganham no campo, dizem-se sentir-se prejudicados pelas arbitragens. Por determinação superior os guarda-redes deixarão de equipar totalmente de preto, cor destinada unicamente aos Árbitros. Sobre os “célebres” mil escudos enviados a um Árbitro por um dirigente com o firme propósito de beneficiar o seu clube nunca deveriam ter sido devolvidos à procedência, visto haver tanto pobre necessitado, ou qualquer casa de beneficência que bem agradeciam.

Nota: Como a foto acima demonstra, o Árbitro Evaristo Silva lesionou-se quando estava a dirigir o jogo da 1ª Divisão, entre as equipas da CUF e do Vitória de Setúbal, sendo trocado de função com o seu colega Maximino Afonso, que estava a auxiliá-lo como Árbitro Assistente.

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