sábado, 26 de dezembro de 2009

I CONGRESSO DA ARBITRAGEM PORTUGUESA (1988) – 2ª PARTE

Dando continuidade à divulgação daquele que foi o começo das iniciativas que marcaram a maturidade da classe, lembro, com saudade, a presença neste evento do decano da arbitragem lisboeta, Mário Ribeiro, como simples sócio da Associação de classe, mas integrante da Comissão de Honra do Congresso.
1988-Sede da APA. Comemoração do IX aniversário da sua fundação
Da direita: Engº Henriques Oliveira, António Santos, Jaime Baptista, Dr. Rui Bandeira e Alberto Guitian

Mário Ribeiro, com os seus 76 anos de idade, que fez questão de acompanhar os trabalhos desde o primeiro momento até ao seu final, foi um exemplo vivo e destacado do que deve ser a persistência em prol dum ideal colectivo que desejamos venha a ser respeitado e compreendido, face ao trabalho sério e dedicado desenvolvido, e que venha a merecer os êxitos a que tem direito, reconhecimento que tem estado muito distante.
-Mestre Mário Ribeiro comigo na sede da APAF-

Este nosso saudoso associado nasceu em 30 de Junho de 1912 e faleceu em 31 de Março de 2002. Para além de ter sido Árbitro dos Quadros nacionais, foi Presidente da Comissão de Gestão de Arbitragem da Associação de Lisboa de 2 de Março de 1979 a 26 de Outubro de 1980 mas continuou como Vogal do Conselho de Arbitragem até 2 de Abril de 1984. A APAF, em 2004, homenageou-o, a título póstumo, escolhendo a sua figura para patrono do II Torneio Inter-Núcleos de Futsal, quando comemorou o seu XXV ano da sua existência.

Voltando ao Congresso, depois das propostas serem analisadas, discutidas ao pormenor e colocadas à consideração dos presentes, foram aprovadas as seguintes

CONCLUSÕES

Os Árbitros de Futebol reunidos em Lisboa, nos dias 10 e 11 de Junho de 1988, no contexto do I Congresso dos Árbitros portugueses, após leitura e debate dos trabalhos apresentados, concluíram ser necessário o seguinte:

1 - Dotar os Conselhos de Arbitragem de mais e melhores meios para uma melhor Formação dos Candidatos e dos Árbitros.
2 - Que as informações recolhidas pelos Delegados Técnicos (delegacias) tenham um carácter pedagógico, informativo e formativo para os Árbitros, tendo em vista o seu aperfeiçoamento, e não só o objectivo classificativo; ou a criação de grupos de apoio com o intuito de observar e acompanhar o trabalho de campo dos Árbitros, tendo em vista a correcção dos erros detectados.
3 - a) Alargar o campo de recrutamento dos Candidatos a Árbitro, utilizando os meios publicitários disponíveis (Imprensa, Rádio e Televisão):
b) Promovê-lo junto dos clubes, escolas, forças militares e militarizadas, bem como de organismos estatais.
4 - Submeter os Candidatos a Árbitro a testes psicotécnicos, para se avaliar das suas capacidades para a função.
5 - a) Oferecer contrapartidas aos Formandos para que, no início da sua actividade, possam adquirir o equipamento necessário (vestuário e apetrechos de jogo) em condições mais vantajosas, sabendo-se, de antemão, o quanto a todos pesa o elevado montante que é necessário despender para o efeito.
b) Foi alvitrada a sugestão dos Conselhos de Arbitragem tentarem celebrar contratos com fornecedores de equipamentos.
6 - Que os Árbitros Estagiários façam dois testes escritos, uma prova oral e uma prova física, cujos resultados seriam considerados na classificação final para efeitos de ascensão à segunda categoria, terminando com as subidas administrativas.
7 - Proceder a alteração na composição da Assembleia-geral da Federação Portuguesa de Futebol (artigos 18º e 19º) e, por consequência, o artigo 20º (número de votos), conducentes à abertura deste órgão representativo a todos os agentes do Futebol:
APA-Associação Portuguesa de Árbitros,
ANTF-Associação Nacional dos Treinadores de Futebol,
SNJPF-Sindicato Nacional dos Jogadores Profissionais de Futebol
ANC-Associação Nacional de Clubes
CCFP-Confederação dos Clubes com Futebol Profissional
8 - Proceder a idênticas alterações nas Assembleias-gerais das Associações.
9 - Sensibilizar os Conselhos Técnicos e as Associações para a necessidade dos Árbitros integrarem as Comissões de Vistoria dos recintos desportivos.
10 - Que todos os Árbitros, a começar pelos mais credenciados, contribuam com a sua dinâmica e apoio para uma maior divulgação, expansão e consolidação da Associação Portuguesa de Árbitros, única maneira de se poder proceder a uma efectiva descentralização, tão necessária quanto possível.
11 - Que os responsáveis distritais da APA devam exigir da Direcção toda a gama de colaboração a todos os níveis, fortalecendo a Associação a nível local, oferecendo de igual modo as contrapartidas que contribuam para a concretização das metas desejadas.
12 - a) Ser urgente reformular os Estatutos que regem a Associação Portuguesa de Árbitros, pelo facto de, a caminho de 10 anos de vigência, se encontrarem inadequados às realidades.
b) Assim, tais alterações deverão ter em conta a criação de membros suplentes para os seus órgãos sociais.
c) Promover a criação de um Conselho Deontológico, composto por todos os Presidentes da Mesa da Assembleia-geral, Conselho Fiscal e Direcção actuais e antigos.
d) Promover a criação de sócios contributivos, honorários e de mérito.
13 - Fortalecer os Núcleos de Árbitros devido ao papel primordial e insubstituível que desempenham na formação, consolidação e transmissão de conhecimentos, tarefas que “à priori”, deveriam pertencer e ser comparticipadas pelos Conselhos de Arbitragem.
Nota: Neste ponto foram ressalvados os Conselhos que têm dado todo o apoio aos Núcleos.
14 - Promover debates entre todos os parceiros do Futebol para a procura de soluções conducentes à superação de diversos problemas de que é vítima.
15 - Sensibilizar a Comunicação Social para papel preponderante que pode desempenhar na denúncia da violência associada ao Desporto, independentemente da categoria ou modalidade onde ela ocorra.
16 - Promover alterações na orgânica estrutural do Futebol, para que a arbitragem seja dirigida, gerida e orientada em EXCLUSIVO por representantes ELEITOS pelos Árbitros, substituindo-se o actual sistema.

Os congressistas decidiram remeter estas conclusões para:

-Suas Excelências: o Presidente da República, o Primeiro-ministro e o Ministro da Educação.
-Direcção-geral dos Desportos.
-Federação Portuguesa de Futebol (Assembleia-geral, Direcção e Conselho de Arbitragem).
-As 22 Associações Distritais de Futebol (Assembleia-geral, Direcção e Conselho de Arbitragem). -Sindicato Nacional dos Jogadores Profissionais de Futebol.
-Associação Nacional dos Treinadores de Futebol.
-Associação Nacional de Clubes.
-Confederação dos Clubes com Futebol Profissional.
-INATEL (Direcção e Comissão Central de Árbitros)
-Associação Portuguesa de Árbitros (Assembleia-geral, Direcção e Conselho Fiscal).

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